A vida de uma mocinha distraída

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Ah, as pin-ups, aquelas moças que tinham quilos de sensualidade não só nas coxas, mas no jeito meio infantil e distraído, que fazia com que prendessem a saia numa cadeira, sentassem com as pernas pra cima, subissem escada com vestidos curtos e esvoaçantes e - tcharam! - todo mundo pudesse ver as curvas que a roupa escondia.

Não se sabe se a distração de antigamente tinha mais mojo que a de hoje, mas o fato é que ser distraída nos nossos dias não se traduz em situações tão atraentes como as das moças do calendário. Pelo contrário, ser distraída agora é mais desleixo que charme, sei bem disso e posso citar algumas situações que simbolizam bem meu drama minha tese:

# Ir pra aula (ou pro trabalho) com o chinelo desbotado que usa pra tomar banho pelo simples fato de que não reparou que estava calçada com ele;

# Subir no ônibus errado e, por isso, chegar quase duas horas atrasada a um compromisso importante, suada e descabelada de desespero;

# Rir pras pessoas depois de ter comido Cheetos;

# Sair de casa com a etiqueta ainda pendurada na blusa e ser avisada disso só quinze minutos, e alguns quilômetros, depois;

# Encher a bolsa com lixo - de papel de bombom a panfleto amassado - e só perceber quando precisar abri-la na frente de alguém;

# Andar olhando pra cima, pisar em merda de cachorro e ser obrigada a voltar pra casa quando não poderia voltar pra casa;

# Fazer duas das peripécias acima simultaneamente.

Pois é, ver a real da vida real de uma uma criatura que se distrai com tudo faz a gente pensar que se abaixar pra pegar uma caneta e ficar com a calcinha de fora seria a glória do sucesso.

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E a campanha pela adoção dos gatinhos continua. Ajudem, moças