Doze de junho sempre foi dia de Bárbara paquerar no ônibus. Até saía de batom, até retocava antes de voltar pra casa. Na ida ela não tinha muita chance de reparar nos possíveis pretendentes do coletivo, é tudo muito cheio, mas na volta, quando vinha sentada, cada moço que entrava era uma possibilidade de romance, uma palpitação, uma passada de mão no cabelo. Um nervoso contido de quem espera, no resto de dia, encontrar alguém pra, no dia seguinte, dizer que encontrou.
Não que ela não procurasse um namorado no resto do ano, mas o ritual e a ansiedade eram bem peculiares desse dia. Uma vez até deu certo. Segurou a pasta do rapaz, que puxou conversa, que sorriu e elogiou o batom. A conversa era tão boa que Bárbara só desceu no terminal, umas quinze paradas depois da sua. Ele, que descia ali mesmo, chamou prum sorvete - ela riu porque fazia 10 graus - então os dois sentaram no meio-fio pra decidir o que fazer e acabaram ficando por lá. Foram namorados por umas duas horas.
Sequer trocaram telefones, mas ela nem se importou muito. Dia treze é dia treze, dá pra agüentar sozinha. No ano seguinte ela não esperava reencontrar esse seu namorado casual, mas tinha esperança de que o raio caísse de novo por ali e aparecesse outro namoro nem que fosse no mesmo esquema. No outro ano também, e no que veio depois.
Dessa vez Bárbara esperava que o ônibus estivesse vazio e chegasse logo. Queria assistir TV, passar uns cremes e dormir. Depois de uns anos aprendeu a viver pros outros dias, a catar uns amores fora da data, a deixar de lado a tradição do dia doze.
Linda história!!!
ResponderExcluirBjs das gurias
www.gauchasnamoda.blogspot.com
Linda história me lembra Clarice Lispector huahau
ResponderExcluirbjooo
Nossa que lindo!
ResponderExcluirEsse final foi perfeito!
;*
Data comercial... é melhor não dependermos disso (ou de qualquer outra coisa) pra buscar nossa felicidade! Haha!
ResponderExcluiradorei a crônica... xDD
ResponderExcluirDona Bárbara é um ser inusitado, mas mais comum do que imaginamos.
muito bonito.
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