Aprenda a dizer SIM

Há um tempo, devo esse post a vocês. Aliás, eu acho que devo esse post a mim mesma, porque desde que comecei a escrever - quando ainda tava em Buenos Aires - me cobro a dividir com vocês essa sensação, aliás, essa descoberta.

Enquanto cresce, a gente é estimulada a aprender o não. Tem que saber discernir o que é bom ou ruim pra gente e aprender dar uma negativa ao que não dá certo. Também é preciso entender que nem sempre temos o que queremos e lidar com os nãos da vida. Acho que a gente aprende bem isso. Estamos aqui todas vivas e lutando um monte por dia, então acho que aprendemos bem.

Mas aí, chega um dia em que você se dá conta de que nunca mais disse um sim. Nunca mais olhou com olhos de sim, nem acordou com alma de sim. Muito menos sonhou com todos os sim a que tem direito. Chega esse dia em que você só diz não porque esqueceu que existe outra possibilidade de resposta.

Nessa viagem, sozinha em outro país, onde eu sequer falava a língua nativa, nunca disse tantos sim pra mim mesma. Alguns foram de conforto, sabe? De presente. "Toma, você pode". Mas a maioria foi de compromisso, de me obrigar a dizer sim, a enxergar o melhor ao invés do mais fácil. Escolher o desafio e não a zona de conforto, mesmo nas coisas mais simples.

O que me fez voltar a Buenos Aires, depois de menos de um mês, foi uma sensação de incompletude, tanto da viagem quanto minha. Senti que faltava algo e voltei pra descobrir o que era e se tinha ficado em algumas daquelas ruas cheias de folhas no chão. Eu precisava voltar ao ponto de partida daquela sensação pra entender o que era. Ou seja, desde o início, essa viagem era um desafio. E, estando lá, eu não podia me esquecer disso.

O que se seguiu em cada um dos dez dias foi uma redescoberta, de mim e da cidade. De mim principalmente. Longe de casa ou de qualquer referência a que eu pudesse me apegar como algo que me definisse, foi como se eu me visse totalmente nova, como um caderno novo mesmo, sabe? Página em branco. Como se eu resetasse tudo e me desse a chance de reaprender as coisas mais básicas como o que fazer quando a decisão só cabe a mim. E é nessas horas que o não enche a boca pra sair. Você quer se poupar até do que é bom, só por um medo inconsciente, e na maioria das vezes vestido de acomodação.

Gente, não existe nada mais bonito que realizar. Seja algo que você planejou ou só alguma coisa da qual você não pensava ser capaz ou, sequer, sabia que precisava. Algo que jamais aconteceria sem o seu sim.

Sempre pense duas vezes antes de dizer um não pra vida. ;)