{cineminha} Aconteceu em Woodstock

Há quarenta anos acontecia o maior e mais famoso festival que já existiu, aquele que fez quem esteve lá ser um privilegiado entre os homens e quem não esteve, imaginar que também seria privilegiado se tivesse ido.

O Festival de Woodstock, que - na real - não foi em Woodstock, arrastou mais de quinhentas mil pessoas pra uma cidadezinha que nunca pensou em receber nem um quinto dessa gente. Todo mundo atrás de "Paz e Música". Durante os três dias de evento, mesmo com a quantidade absurda de gente, só houve duas mortes: uma overdose e um atropelamento. Quase não aconteceram brigas, e a vida de um monte de gente deve ter mudado depois disso.

O filme foca numa delas, na de Elliot, um cara que realmente existe (adoro filmes de histórias reais) e que foi crucial pra que o festival acontecesse. E foi baseado na biografia dele "Taking Woodstock" que o filme de mesmo nome foi realizado. A direção é de Ang Lee (Brokeback Mountain) e a história não se baseia nos shows que vieram com o festival, mas no contexto em que ele chega: numa cidade pequena, trazido por um cara que nem bem sabia do tamanho daquilo tudo e numa época em que os americanos tavam aterrorizados com a guerra do Vietnã.

Por ser baseado numa biografia, toda a história acontece sob a ótica do protagonista, o que é muito legal porque a gente, ao assistir, consegue ver aquilo menos como um evento grandioso e mais como uma experiência, dessas que podem dividir a vida de alguém em antes e depois dela.

Além disso o filme tem um humor leve e uma estética sessentinha que, se eu pudesse, viveria dentro. Aquela fotografia meio saturada (o diretor de fotografia do filme, Eric Gautier, é considerado um dos melhores do mundo), aqueles cartazes psicodélicos de cores primárias, aquelas roupas, enfim, aquilo tudo.

Os personagens são absurdamente carismáticos e é difícil não se apegar a eles ao longo da sessão, mesmo àqueles que tem pequenas participações (tipo o policial que Elliot encontra pelo caminho). No fim ficam duas sensações: que esse é um daqueles filmes despretenciosos que conquistam sua simpatia logo nos primeiros minutos e que Bob Dylan foi besta de não ter ido pra lá.

Assistam, vale a pena.

Pra quem é de Recife, tá em cartaz no Cine-teatro Apolo. R$4 inteira e R$2 meia.