Devemos nos orgulhar da quantidade de merdas que conseguimos fazer sem perder um membro por cada uma. Existe uma lógica da superação que inverte qualquer conversa de darwinismo que já se possa ter ouvido em paradas de ônibus, que faz com que arrancar pedaços de si mesmo seja só uma metáfora do sofrimento. Faz com que passar por caminhos de arame farpado não te tire a pele do lugar, não te arranque a camada de fora, mas te dê morais de histórias pra contar no lugar de conselhos.
Fugas épicas de problemas medíocres são o que todo mundo precisa pra ter um protagonismo eventual. A certeza de sair da história com nenhum ferimento, mas roupas rasgadas e sujeira no corpo é o que basta pras câmeras que a gente cria, pros amores que a gente queria, pra que os banhos quentes sejam merecidos.
No meio de tantos falsos riscos de tantas sagas curtas de tantas histórias esquecidas, os braços e pernas que ficam não contam tanto do que se viveu, não tanto quanto as roupas rasgadas.
Gostei do texto...intensa!
ResponderExcluirIdentificação total!
ResponderExcluirtava precisando ler uma coisa assim! (Patrícia Monteiro)
ResponderExcluirAconteceu algo que não me lembro de ter acontecido: não entendi.
ResponderExcluirrs...
E olha que de membros arrancados, arames farpados e roupas rasgadas, estou entendendo tudinho!
rs...
Eu já achei que vc tava falando da matéria sobre os "sobreviventes" do acidente com o avião que apareceram no fantastico...a Globo aumenta muito e dramatiza d+ as coisas..e eu nao gostei da matéria, mas gostei do seu texto. :D
ResponderExcluirEu já achei que vc tava falando da matéria sobre os "sobreviventes" do acidente com o avião que apareceram no fantastico...a Globo aumenta muito e dramatiza d+ as coisas..e eu nao gostei da matéria, mas gostei do seu texto. :D
ResponderExcluirÓtimo post. Me lembrou de um artigo da Eliane Brum na Época:
ResponderExcluirVivemos por causa de nossas marcas - e não apesar delas.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI161626-15230,00-A+VIDA+SE+FAZ+NAS+MARCAS.html