No escuro

Ontem à noite faltou energia aqui em casa. Eu posso garantir a vocês que ficar sem energia elétrica sempre foi, pra mim, o pior entre esses transtornos cotidianos. Pior que engarrafamento. Tudo o que envolve a falta de luz é terrível: ficar no escuro, no calor, sem computador, sem tv, sem qualquer tipo de entretenimento, porque, afinal de contas, quem consegue ler à luz de velas?

Nessas situações eu costumo ficar desesperada de tédio e ligar pra alguém. Aí eu converso até a energia voltar, ou seja, pobre da vítima da minha ligação se a companhia elétrica não chegar logo.

Ontem decidi fazer diferente, fui tomar banho no escuro, pra distrair - refrescar. Eu podia levar uma vela - por que não tem uma única lanterna nessa casa? - mas tenho pavor dessas coisas, desde sempre. Enquanto todas as crianças eram super chegadas em pirotecnia, eu não soltava nem os mais cretinos dos fogos de artifício, o mais próximo que eu chegava de fogo era quando apagava velinha de aniversário.

Então fui no escuro mearmo. E, olha, é engraçado como a gente tem alguns processos tão esquematizados que é capaz de fazer sem olhar. Já sabe onde tá o sabonete, a válvula do chuveiro e até o esfoliante. Afinal, eu não tinha o que fazer, então nada mais justo que usar mais produtos durante o banho. O único problema foi quando eu quase lavei o cabelo com Lucretin, mas, no mais, correu tudo bem. Podia ter feito hidratação no cabelo, mas já tava com medo, imaginando maníacos que atacam mocinhas no chuveiro em noites escuras.