Fora da rota - conhecendo La Plata

Viajar sozinha me trouxe algumas surpresas. Eu sempre achei que só é possível conhecer pessoas numa viagem se você é super comunicativa e daquelas pessoas que chegam num lugar e, com cinco minutos, já são amigas de todos. Como eu não sou extrovertida assim, ficava com medo de voltar pra casa sem conhecer ninguém em Buenos Aires.

Meio trágica, né? Eu sei, eu sei, mas acho que muita gente não viaja sozinha com medo que isso aconteça. 

Pois é pra vocês que eu digo: não tenham medo, você vai se divertir e conhecer pessoas, sim. Já mostrei como fui parar num tour vintage ótimo sem planejar e, hoje, mostro outro dia muito legal da viagem à argentina, quando conheci La Plata, uma cidade linda vizinha a Buenos Aires.

Tudo começou quando Cinthia, que mora em Recife e lê o Ricota, me mandou um email dizendo que achava ter me visto no dia anterior no Roxy (um bar em Palermo Hollywood que toca rock) mas ficou com vergonha de perguntar na hora. Primeiro, quase que eu mato a menina virtualmente por ela não ter falado comigo (a noite ia ser dez vezes melhor se eu tivesse conhecido ela e as outras meninas), maaas aí, ela me chamou pra um passeio e eu meio que esqueci a raiva. :)

Cinthia e mais três amigas - Carla, Élida (quase certeza de que tô escrevendo errado) e Isadora - iam dias depois até La Plata conhecer uma casa projetada por Le Corbusier (um dos arquitetos mais importantes do século XX). Três das quatro meninas são arquitetas e tavam doidas pra ver os detalhes da casa e da Catedral de la Plata, que tem mais de 100 anos e é uma das maiores da América Latina. Além disso, lá dentro tem um elevador panorâmico onde, do alto, dá pra ver a cidade inteira. 

Mesmo sabendo menos sobre Le Corbusier do que qualquer artigo magrinho da Wikipedia, aceitei o convite e encontrei as meninas na terça às 9 pra ir até a cidade. Tava super animada com a ideia de ver um pouco da vida argentina fora de Buenos Aires. A gente pegou um ônibus intermunicipal e, em um pouco mais de uma hora, tava lá. 

Quando a gente conseguiu chegar ao endereço da casa, decepção. Tava fechada pra reforma. As meninas tiraram dez mil fotos pra documentar pelo menos a fachada e eu me preocupei mais em documentar a frustração delas (mas decidi colocar uma alegrinha aqui no post). Aí, a gente foi almoçar pra conhecer a catedral depois.

Entramos num restaurante que parecia ter saído de um filme de sessão da tarde. A decoração simples e singela, a cor da madeira e até os carros parados na calçada tinha cara de um recorte no tempo. Aliás, a dona do restaurante e um senhorzinho que convidou a gente pra conferir o tango que acontece aos domingos por lá também pareciam personagens bonzinhos de filmes infantis. Deu até pena não poder voltar no domingo. 

Nossa mesa

♥

De bariga cheia, a gente andou até a catedral por ruas arborizadas, cheias de prédios lindos com janelas maravilhosas. Parece um pouco com as ruas de Palermo, só que com um ar mais bucólico. Uma vibe que convida você a andar mais devagar. 

Na catedral, a gente fez o passeio guiado pelo elevador. Lá em cima - a uns 40m do chão -, dá pra ver as torres bem de perto e um guia fala um pouco sobre a História da construção do templo. O que mais vale da visita é mesmo a vista. 

Em frente à catedral, ficam a Plaza Moreno e o Palácio Municipal. E, segundo o guia, em dias de sol, dá até pra ver um pedacinho do Uruguai lá de cima. Como, nessa hora, o céu era só neblina, a a gente não teve essa vista internacional. :)

Backstreet Girls

Catedral de La Plata

Oiê

Pedacinho da vista

Pose de turista na Plaza Moreno (Cinthia que tirou a foto)

Parte da vista

Palácio Municipal

Na volta pra Buenos, a chuva não deixou a gente ir andando até a rodoviária. O jeito foi pegar um táxi até a estação do ônibus intermunicipal pra encarar de novo a viagem de mais de uma hora. Depois de dormir, acordar, dormir, babar, dormir, roncar, a gente chegou à capital de novo. 

Adorei o passeio e gostei mais ainda de conhecer as meninas. Elas me ensinaram que vinho uma pessoa que não gosta de vinho deve comprar, que Le Corbusier é o pai do Modernismo na arquitetura e me lembraram que sair um pouco da rota é sempre uma boa.